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Terça-feira, 15 de Outubro de 2024

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COLUNA CARLOS MACENA - Como é bom “Não Estar Nem Aí”

A Receita Federal e a "hora do pânico"

Carlos Pedro Macena
Por Carlos Pedro Macena
COLUNA CARLOS MACENA - Como é bom “Não Estar Nem Aí”
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Acabou a Quaresma, aleluia. Em tese, quem mentiu, furtou, deu calote, fornicou, prevaricou (a lista completa daria outra coluna) mas se arrependeu, confessou e jejuou ou, conforme o caso, se comprometeu com Ogum, ou fez o propósito, está liberado. Concedeu-se o perdão, em sede de fé. Porém, em sede da lei dos homens o papo segue reto: os chatos do Serasa e do SPC, a infeliz da Receita Federal e uma ruma de desmancha-prazeres não desistem de acabar com a festa e melar o pagode de todo mundo que NENA - Não Está Nem Aí.

Aos números: só em fevereiro, mês do nosso já saudoso Carnaval (ô papai...), foi de R$ 7,55 bilhões o total de desconto nas dívidas que os brasileiros renegociaram. Restam 533 milhões de ofertas, solenemente ignoradas pela turma do NENA, disponíveis para negociação no Serasa Limpa Nome desde outubro do ano passado.

Na ponta do lápis, são R$ 830 bilhões implorando por serem pagos, o que rebaixa em mais de 100 vezes o antes impressionante valor dos descontos contratados em fevereiro. A cifra, sob outro ponto de vista, também demonstra o quanto somos todos escalpelados. Como este site nunca foi patrocinado, como o “Jornal Nacional” o é há anos, pela Crefisa, BB, Itaú, Bradesco e Santander, não temos bloqueios velados que nos inibam de informar com todos os decimais: as taxas de juros nominais começam em 7,75% a.m. no cheque especial, para clientes com limite vigente no Banco do Brasil S.A. e na Caixa Econômica Federal, e decolam feito os foguetes do Elon Musk até alcançar os extorsionários 22,5% a.m. com que somos esfolados nos empréstimos pessoais, graciosamente oferecidos por Crefisa, Agibank, BMG e assemelhados. De dar inveja ao usurário Shylock, personagem de “O Mercador de Veneza”, duas vezes imortalizado, por Moliére, seu criador, e por Al Pacino, sua persona no cinema desde o século XX.

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E eu com isso? Quase nada, se o distinto leitor (ainda) exclui-se dos 72,4 milhões de cidadãos inadimplentes, 0,04% a menos que em janeiro, contabilizados pelo IBGE como integrantes da PEA - População Economicamente Ativa. Aos números, novamente, agora extraídos do próprio Serasa Experian: quem tem entre 41 e 60 anos representa 35,0% dos CPFs restritos. Colada neles, com 34,2%, está a turma de 26 a 40 anos. A facção se completa com a senectude dos sexagenários e seguintes (18,8%) e com o ímpeto indomável para fazer besteira quando se tem 18 e 25 anos (12,0%).

E o quê a Receita Federal tem a ver com isso? Muito, mas muito mesmo. Mas ninguém tem paciência para entender como se perpetra um roubo descarado contra o seu bolso, ano após ano, por causa da não-correção da tabela de isenção de Imposto de Renda de Pessoa Física, descontado ou não na fonte. Nuss, zulivre, papo de aranha, vôti...

Coluna que vem, alguém eventualmente abismado se manifestando, detalhamos os porquês de a capacidade de pagamento de dívidas do brasileiro ser dramaticamente comprometida por esta vil artimanha, com absoluta cara de paisagem, e que ferra a todos com gosto, inclusive quem tem mais de 85 anos, sabia? Sim, senhor. A Receita esfaqueia os rendimentos até de D. Tereza Macena, que sapecou 93 em outubro. Noutra ocasião, podemos também cutucar a cobrança integral de IPVA durante os anos da pandemia do Covid-19, o que faz tanta gente entrar em pânico quando vê uma blitz.

Por enquanto, ninguém vai para as ruas, flamenguistas ou não, o Congresso não se mexe, porque ali floresce um valhacouto de covardes a serviço de si mesmos ou do próprio estrato socioeconômico em nome do qual atuam, e que jamais será o da grande maioria dos brasileiros, que nunca ganha mais do que 02 SMs a vida inteira. Mas motorista do Senado leva R$ 6.807,00 limpinhos todo mês, que o digam Confúcio, Jaime e Rogério, com seus chefes de gabinete a R$ 28.301,00 mensais...

Sendo ou não da turma do NENA, o povo se endivida a não mais poder. Engambelado pelas Black Fridays de araque, iludido pelos feriadões que torram toda a picanha do Lula, morto de feliz por só ter estourado em R$ 58 bilhões o orçamento da União, e hipnotizado pelo TikTok e Instagram, cujas legiões de envaidecidos nunca se saciarão.

Mas vamos fechar com duas lembranças boas, inclusive para a turma do NENA: sobre feriadões, “Tiradentes” já era, dia 21 vai cair num sábado, mas o Primeiro de Maio vai ser numa quarta, quem sabe rola um ponto facultativo geral. A segunda alvíssara: o Desenrola Brasil está prorrogado até 30 de maio. Legal, né?

CARLOS MACENA – JORNALISTA

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