Sem sequer arremedo de epígrafe às suas modestas estatura de Sêneca e altitude de Aconcágua, de jeito nenhum iria ser lavrado o desmantelo de hoje, sob medida pra se estabacar.
Versa a arenga sobre o desafio, fosse o caso, a incandescer a paixão que moveu da vida para a História a obra de Ashley Montagu, nosso Anthropomeister, a quem invoco como patrono.
Não contente, essa pensata de rodapé se atreve a ensaiar gatimonhas e rabiscar garatujas na seara da mente caríssima, por virtual, por onde hoje pontificam Yuval Harari et caterva.
Desabusadas, arriscam-se as linhas abaixo à vaia consagradora que eterniza epitáfios. Dito no popular, “Tu vai te lascar, TikTok logo some, igual Orkut e caxumba”. Falô, belê.
Dele, evidente, além e acima não passaremos. Se melhor até hoje não fizemos, quando o faríamos? Ápice da “aventura humana na Terra”, zênite atroz do anti-Raul, ele e seus sequazes, IG, FB, TW, vem contribuído milagrosamente para revelar quão inútil é a ONU.
Ao mesmo tempo, em gargalhadas multiplicadas aos milhões desde Aden, Arabia, a Salonica, em Cuzco, no Rio, Kiev, Cádiz, Ipojuca ou Mannheim, tem fechado bares e cinemas, ruminado pesares extintos, minado não poucas amizades, abortado flertes, sabotado romances, degolando namoros, tudo à inválida custa do ridículo alheio.
Tem custo, e alto, isso que faria urrar de tesão Olga Riefenstahl e J. Edgar Hoover, ou, reduzindo a mira por aqui, fizesse impar de orgulho Golbery do Couto e Silva e José Guilherme Merquior.
Para o lucro à Onassis ser criptomonetizado, se exige dispensar, por trabalhosos, inumeráveis rubis e esmeraldas da arte, cultura, costumes, discursos, cartas, memórias, enciclopédias, trilogias, temporadas, jogos, triunfos e lendas de que sabíamos.
Ainda que somadas a Camus, Twain, Dickens, Poe, Gibran, Murakami, Coralina, Euclides, Rulfo, Neruda, Heaney, Dalton, Baldwin, Benedetti, Hamsun, Borges, Hemingway e Ana Cristina César, e se a eles acrescêssemos Djanira, Giotto, Guignard, Hals, Klee, Kandinsky, Turner, Varejão e Vermeer, mais o quanto devemos a Van Diemen, Lesseps, Niemeyer, Sabin, Borlaug, Barnard, Pilates, Mrs. Curie e às assombrosas irmãs Polgar, nem assim os pinicaríamos, os sabidos.
Nosso colosso de evasão consentida, o gostoso rapto consensual pelo qual ansiamos, agora que sabinos sabemos ser, despeja tamanha resiliência empática que, mesmo sob o olho clínico da I.A. de E. Musk, seu encarniçado contra-comparsa, dali o gozo seminal beira o incontrastável.
Milhões de contas, ôps, de chatbots símiles a nós, devem a ele a chave que anula a inércia da tristeza e apaga a banal solidão que povoa continentes, feita muda em catarses de riso frouxo.
Pega lápis e papel agora, se quiser. Calcine nos cromossomos, rija e feroz, outras argamassas esquecidas da Humanidade. De improviso, cito a salga do peixe, a trança de bambu, o pilão e a forja, o arado e o Cray-5, o biquíni e o MMX, Toleman e Bugatti, Max Factor e Minâncora, “smorgasbord” e “kebab”, lira e tarô...
Quem sabe tomem tenência os sutis, sagazes ourives do paroxismo sem rédea, rumo ou razão: como sua gula, também é implacável o rol de vidas que, por gerações a fio, franquearam à sua tara funesta os alicerces para elevar à última potência a irresistível Babel.com.
Aponta o lápis. Assunto não falta, assum preto talvez sim.
Comentários: