Existem nomes que merecem ser eternizados em locais públicos de grande circulação, pois representam um farol para a humanidade. Um desses nomes é o da Enfermeira Anna Justina Ferreira Nery (1814-1880), que pode dar nome à estação de metrô da 108 Sul, em Brasília. O terminal fica em frente à nova sede do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) – que também leva de Edifício Enfermeira Anna Nery – e será inaugurada em 2025.
O Projeto de Lei 1.394/2024, que dispõe sobre a mudança de denominação da estação, foi apresentado pela deputada distrital Dayse Amarílio (PSB-DF). “Esse projeto foi uma sugestão do Presidente do Cofen, Manoel Neri, que tivemos a honra de formalizar. A nova denominação proposta para a estação da 108 Sul constitui justa homenagem a essa heroína brasileira, servindo de inspiração para as novas gerações”, justificou a enfermeira e parlamentar.
Para Manoel Neri, iniciativas dessa natureza fazem justiça à memória da profissão, assim como estabelecem e consolidam a imagem e o protagonismo da Enfermagem na sociedade e no pensamento coletivo. “Agradeço à deputada Dayse Amarílio por acolher a nossa sugestão e peço que as lideranças, os profissionais e os estudantes de Enfermagem do DF falem com os demais deputados e deputados distritais, para que aprovem o projeto e estabeleçam o nome da primeira enfermeira do Brasil no coração de Brasília”, finaliza o presidente do Cofen.
História
Segundo a justificativa do projeto, Anna Justina Ferreira Nery nasceu em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia, no dia 13 de dezembro de 1814, e foi a pioneira da Enfermagem no Brasil, prestando valorosos serviços voluntários nos hospitais militares de Assunção, Corrientes e Humaitá, durante a Guerra do Paraguai.
Casou-se aos 23 anos com Isidoro Antônio Néri, capitão-de-fragata da Marinha. Ficou viúva com 29 anos. Teve três filhos que criou sozinha após a morte do marido. Em 1865, o Brasil integrou a Tríplice Aliança, que lutou na Guerra do Paraguai e os filhos de Anna Nery, o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos Isidoro Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo, foram convocados para lutar no campo de batalha.
Sensibilizada com a dor da separação dos filhos, no dia 8 de agosto, Anna escreveu uma carta ao presidente da província oferecendo seus serviços de enfermeira para cuidar dos feridos de Guerra do Paraguai, enquanto o conflito durasse. Seu pedido foi aceito.
Em 1865, partiu de Salvador em direção ao Rio Grande do Sul, onde aprendeu noções de Enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Com 51 anos, foi incorporada ao Décimo Batalhão de Voluntários.
Anna Nery começou seu trabalho nos hospitais de Corrientes onde havia, nessa época, cerca de seis mil soldados internados e algumas poucas freiras vicentinas realizando os trabalhos de Enfermagem.
Apesar da falta de condições, pouca higiene, falta de materiais e excesso de doentes, Anna chamou a atenção por sua dedicação ao trabalho como enfermeira por todos os hospitais onde passou. Com seus próprios recursos montou uma enfermaria-modelo em Assunção, capital paraguaia, sitiada pelo exército brasileiro. Ali, Ana Néri perdeu seu filho Justiniano.
No final da guerra, em 1870, voltou ao Brasil com três órfãos de guerra que resgatou para criar. Foi condecorada com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe. Recebeu do imperador D. Pedro II, por decreto, uma pensão vitalícia com a qual educou sua família.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio de 1880. A primeira escola oficial de Enfermagem de alto padrão no Brasil foi fundada por Carlos Chagas em 1923 e em 1926 recebeu o nome dela, em homenagem por ser a primeira enfermeira brasileira. O dia do enfermeiro é comemorado em 20 de maio.
Em honra aos seus valorosos serviços prestados, Ana Néri foi a primeira mulher a figurar no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria (Lei 12.105/2009).
Fonte: Ascom Cofen, com informações do PL 1394/24 e do gabinete da Dep. Dayse Amarílio
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