Nem sempre um sorriso é sinônimo de bem-estar. Especialistas alertam que muitas pessoas aparentam tranquilidade enquanto enfrentam dificuldades internas — um fenômeno conhecido como “depressão sorridente”. Trata-se de um quadro em que o indivíduo mantém a rotina e o convívio social, mas vive em exaustão emocional.
Segundo o especialista em motivação Jorge Merino, quem finge estar bem costuma exibir uma alegria ensaiada e um comportamento automático. “Essas pessoas evitam conversas profundas, mudam de assunto rapidamente e se isolam socialmente”, afirma. A fachada de normalidade, explica, é um mecanismo de defesa contra o julgamento e a preocupação dos outros.
Para a psicóloga Vanessa Rodríguez Pousada, da Universidade Aberta da Catalunha (UOC), a pressão social para parecer feliz e produtivo contribui para o problema. “Vivemos em uma cultura que glorifica o sucesso e reprime a vulnerabilidade. Mostrar tristeza é visto como fraqueza”, diz.
Os sinais mais comuns da depressão sorridente
- Sorrisos automáticos e respostas prontas, como “está tudo bem”;
- Olhar apagado e ausência de expressividade emocional;
- Evasão de conversas pessoais e mudança repentina de assunto;
- Isolamento gradual e cancelamento de compromissos sociais;
- Cansaço constante e dificuldade de concentração;
- Excesso de responsabilidade mesmo em estado de esgotamento;
- Culpa ou vergonha por sentir tristeza ou precisar de apoio.
Segundo a Aliança Nacional de Doenças Mentais (NAMI), pessoas com depressão sorridente podem levar vidas aparentemente estáveis — com empregos, amigos e rotina ativa — mas lutam internamente contra a desesperança. O esforço para manter a aparência de bem-estar cria uma desconexão entre o que sentem e o que demonstram.
A IPSIA Psychology recomenda atenção às pequenas mudanças: o tom de voz, o olhar, a frequência das mensagens ou a ausência em eventos podem ser sinais de alerta. A empatia, dizem os psicólogos, é essencial. Ouvir sem julgar e incentivar o acompanhamento profissional são passos fundamentais para romper o silêncio que cerca o sofrimento emocional.
Se você ou alguém próximo está em sofrimento emocional, procure ajuda. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito e sigiloso pelo número 188 ou pelo site.
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