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Domingo, 19 de Maio de 2024

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TERRORISMO ANUNCIADO - Bolsonaristas ameaçam atacar refinarias e planejam ação em grupos nas redes sociais

Houve registro de tentativa de bloqueios de acesso a refinarias em locais como Araucária (PR), Canoas (RS) e São José dos Campos (SP), afirmou a FUB

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TERRORISMO ANUNCIADO - Bolsonaristas ameaçam atacar refinarias e planejam ação em grupos nas redes sociais
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Além de termos como "caravana" e "festa da Selma" (uma alusão disfarçada à saudação militar "selva"), que circularam bastante em redes bolsonaristas antes da invasão a prédios públicos de Brasília no domingo (8/1), uma outra palavra chamou a atenção pela frequência que passou a ser usada: refinaria.

"Desde o dia 2 de janeiro, no mínimo, já vinha ocorrendo essa movimentação para organizar caravanas para Brasília por meio de postagens de convocação, de memes em grupos de WhatsApp e do Signal [outro aplicativo de mensagens]. Houve uma semana de preparação para o que aconteceu. E o que a gente observa agora é o aumento assustador da palavra 'refinaria' nesses grupos", observa o pesquisador Leonardo Nascimento, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ele desenvolve ao lado de Letícia Cesarino, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Paulo de Freitas Castro Fonseca, também da UFBA, um trabalho de monitoramento de grupos radicais de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Nos primeiros oito dias de 2023, houve 2.828 menções ao termo "refinaria" em 439 canais (que só transmitem anúncios) e 228 grupos (onde é possível trocar mensagens) bolsonaristas no app Telegram — enquanto nos oito dias anteriores foram apenas 39 menções à palavra, o que representa um aumento de mais 7.000%.

"Era um termo que quase não era mencionado, a não ser em discussões sobre redução da alíquota do imposto do combustível, e de repente ele aparece nos grupos, no contexto de que é necessário ir até as refinarias da Petrobras para atacá-las", afirma Nascimento. A finalidade seria impedir a distribuição de combustível.

"Ou seja, eles têm alvos específicos", diz. As mensagens repetem bordões comuns nos grupos como "o povo, para o povo, pelo povo!" e fazem uma convocação para ajudar outros radicais que estão em refinarias e distribuidoras de combustível.

A Federação Única dos Petroleiros (FUB), sindicato da categoria, disse estar em alerta desde a noite do domingo para verificar a situação de risco e anormalidade nas refinarias da estatal e informou que enviou um documento à Gerencia Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa (ISC) da Petrobras.

Houve registro de tentativa de bloqueios de acesso a refinarias em locais como Araucária (PR), Canoas (RS) e São José dos Campos (SP), afirmou a FUB. Segundo o sindicato, a situação foi normalizada.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da Petrobras, postou no Twitter que convocações para bloquear acessos e provocar desabastecimento "foram todas evitadas com reforço na vigilância, na inteligência e apoio das forças policiais dos respectivos estados".

O pesquisador da UFBA diz que focos de outros ataques começaram a ser cogitados nesses grupos. E afirma que gerar o medo constante é a essência do terrorismo — ele cita a visão formada pelo filósofo francês Jean Baudrillard sobre o tema.

"O medo de que ocorra algum evento catastrófico é a vitória deles. Isso é o terror. No momento em que você diz assim vai acontecer algo, não vai ter gasolina, que é o que eles estão falando, isso já é instaurar o terror."

"Minha maior preocupação é que esse tipo de ocorrência venha a se tornar frequente e com consequências desastrosas para o país", diz.

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