Ciro Nogueira detona Eduardo Bolsonaro e diz que deputado causou “prejuízo gigantesco” à direita brasileira
O presidente do Progressistas (PP) e senador Ciro Nogueira (PI) fez duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmando que a atuação do parlamentar nos Estados Unidos trouxe “sérios prejuízos” ao campo conservador no Brasil. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, neste domingo (12), conforme noticiado pelo […]
O presidente do Progressistas (PP) e senador Ciro Nogueira (PI) fez duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmando que a atuação do parlamentar nos Estados Unidos trouxe “sérios prejuízos” ao campo conservador no Brasil. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, neste domingo (12), conforme noticiado pelo Estadão Conteúdo.
Ciro Nogueira avaliou que o comportamento do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em Washington enfraqueceu o projeto político da direita e comprometeu a viabilidade de uma nova candidatura presidencial da família. Segundo o senador, as ações do parlamentar causaram desgaste e isolaram o movimento conservador no cenário internacional.
“Prejuízo gigantesco” para a direita
Durante a entrevista, o presidente do PP afirmou que os erros de Eduardo Bolsonaro tiveram impacto direto nas estratégias eleitorais da direita. “Eu não sei o que eu faria se meu pai fosse injustiçado, mas foi um prejuízo gigantesco para nosso projeto político. Nós tínhamos uma eleição completamente resolvida”, declarou Nogueira.
Ele explicou que as ações do deputado no exterior acabaram fragilizando a base política construída ao longo dos últimos anos e dificultando a reorganização do grupo para futuras disputas nacionais. “A movimentação internacional do filho de Jair Bolsonaro comprometeu a imagem do conservadorismo brasileiro e criou divisões internas em um momento em que o campo deveria buscar união”, afirmou o senador.
Articulações e pressões externas
Nos últimos meses, Eduardo Bolsonaro tem mantido intensa agenda política em Washington, onde participou de eventos e encontros com lideranças conservadoras americanas. De acordo com Ciro Nogueira, parte dessas articulações acabou resultando em sanções e tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, o que ele classificou como um “erro estratégico grave”.
As medidas teriam surgido, segundo o senador, após pressões de grupos alinhados ao parlamentar, que buscavam fortalecer sua influência internacional. O gesto, no entanto, teria produzido efeito contrário, afetando setores econômicos e deteriorando a imagem da direita brasileira no exterior.
Ciro ressaltou que a postura de Eduardo Bolsonaro contrasta com a necessidade de ampliar o diálogo diplomático e econômico entre os dois países. “O papel de um líder conservador deve ser o de construir pontes, não de gerar atritos desnecessários que acabam punindo o próprio país”, disse.
Confronto com o Supremo e desgaste político
Outro ponto destacado por Ciro Nogueira foi o confronto público de Eduardo Bolsonaro com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado tem criticado abertamente integrantes da Corte em eventos internacionais, postura que, na avaliação do senador, trouxe “desgaste adicional” para o campo político que representa.
“O trabalho deveria ter sido direcionado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e não aos ministros da Suprema Corte”, afirmou Nogueira. Para ele, ao transformar o Judiciário em alvo, o parlamentar desviou o foco da oposição, que deveria estar voltada para o governo federal.
O presidente do PP disse ainda que esse tipo de estratégia enfraquece o discurso conservador e dá margem para que adversários políticos explorem a imagem de radicalismo associada à direita. “Quando o debate sai do campo político e entra em ataques institucionais, quem perde é o projeto coletivo. Isso cria ruído e impede a construção de uma alternativa de poder sólida”, argumentou.
Impasses na reorganização da direita
As declarações de Ciro Nogueira evidenciam divergências internas entre lideranças conservadoras que tentam reorganizar o campo político após a derrota nas eleições de 2022. O senador, que foi ministro da Casa Civil durante o governo Bolsonaro, vem defendendo uma estratégia de reconstrução da direita com base em alianças e pragmatismo político.
Nos bastidores, interlocutores do Progressistas e do PL avaliam que as críticas de Nogueira refletem uma disputa por espaço dentro do bloco conservador. O senador tem defendido uma postura mais institucional e dialogada, enquanto setores ligados ao bolsonarismo mantêm um tom de confronto direto com o Judiciário e com o atual governo.
pesar das diferenças, Ciro reconheceu que Jair Bolsonaro ainda possui forte influência sobre a base de eleitores conservadores, mas ponderou que o desgaste político da família após 2022 dificulta uma candidatura presidencial em 2026. “Hoje, qualquer tentativa de candidatura da família Bolsonaro encontra resistência, tanto no campo político quanto no eleitorado moderado”, afirmou.
Contexto eleitoral e projeções
Com a aproximação do calendário eleitoral, as discussões sobre a liderança da direita e a formação de alianças têm se intensificado. Partidos como PP, PL e Republicanos buscam definir estratégias conjuntas para as eleições municipais de 2024 e, posteriormente, para a disputa presidencial.
Ciro Nogueira defende que o bloco apresente novas lideranças e projetos que ampliem a base de apoio conservador. “O Brasil precisa de uma direita moderna, que defenda valores, mas que saiba dialogar e construir soluções. Sem isso, não haverá condições de vitória nas próximas eleições”, disse o senador durante a entrevista.
Ao criticar a atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior, Nogueira reforçou o discurso de moderação e reconstrução institucional que vem adotando nos últimos meses. As falas também indicam o esforço do Progressistas para se diferenciar do núcleo mais radical do bolsonarismo, mantendo-se como um ator relevante nas articulações políticas do centro-direita brasileiro.
O episódio evidencia o cenário de fragmentação dentro do campo conservador, que tenta equilibrar a influência de Jair Bolsonaro com a necessidade de renovação política. Para Ciro Nogueira, o caminho passa por “reconstruir pontes e evitar rupturas”, de modo a preservar a competitividade da direita nas próximas disputas eleitorais.
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