As manifestações de domingo (21) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que blinda parlamentares de processos e a anistia deixaram a Câmara dos Deputados exposta. Os atos, que aconteceram em todas a capitais, foram uma resposta à aprovação da PEC da Blindagem e da urgência do projeto de lei da anistia.
Essas votações, por sua vez, foram pautadas pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para cumprir um acordo firmado com os bolsonaristas e com o Centrão que, em agosto, fizeram um motim e tomaram as mesas diretoras da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - acordo esse alinhavado por Arthur Lira (PP-AL), expoente do Centrão, ex-presidente da Câmara e fiador do mandato de Motta no comando da Casa.
O Centrão quer aprovada a PEC da Blindagem para tentar barrar as investigações contra parlamentares, principalmente as relacionadas a emendas. Há mais de 80 deles na mira de apurações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os bolsonaristas, por sua vez, querem anistiar Bolsonaro.
s grupos, então, resolveram juntar forças e, na semana passada, conseguiram pautar tanto a PEC quanto a urgência para a anistia — o que permite que o tema vá direto à votação no Plenário, sem passar pelas comissões.
A repercussão negativa das aprovações, entretanto, tirou qualquer chance de a PEC da Blindagem ser aprovada pelo Senado — pelo menos por ora.
Mesmo senadores que, em reservado, diziam não saber como se posicionariam agora dão como certo que votarão contra.
Além disso, mostrou que a ideia de atrelar a tramitação da anistia à blindagem foi, nas palavras de um aliado de Bolsonaro, um tiro no pé.
Isso porque não só os dois projetos correm, agora, risco maior de serem enterrado — no caso da PEC — e enfraquecido — no caso da anistia —, mas também porque deixou de herança o desgaste de tentar aprovar duas medidas amplamente impopulares, além do carimbo de que a direita patrocinou o movimento de blindagem a parlamentares.
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