O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 10,75% para 11,25% ao ano. O anúncio foi feito no final da tarde desta quarta-feira, 6, após a penúltima reunião do colegiado em 2024.
A elevação de 0,50 ponto percentual (p.p) da Selic representa a segunda alta do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O aumento da taxa era esperado pela maior parte dos economistas do mercado, assim como instituições financeiras, diante da alta recente do dólar e das pressões inflacionárias.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Basicamente, quando o Copom aumenta a taxa Selic, o objetivo é conter a inflação, reduzindo o consumo e os investimentos. Por outro lado, quando reduz a Selic, busca estimular a atividade econômica, aumentando o consumo e os investimentos.
Comunicado do BC
No comunicado desta quarta-feira, o Copom justificou a elevação da Selic argumentando, entre outras coisas, que a inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. A meta definida pelo BC é de 3%, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4,0%, respectivamente.
O Comitê avalia entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se: uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Sobre o cenário fiscal, com o governo Lula ainda estudando medidas para conter os gastos, o Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, impactando consequentemente a política monetária.
No comunicado, o Copom ainda deixou em aberto o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros. Disse apenas que a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O que é a Selic
A Selic é a referência para todas as taxas de juros do mercado brasileiro, definida pelo Copom, composto pelo presidente e diretores do Banco Central. Ela é o principal instrumento de política monetária utilizado para controlar a inflação.
Quando os juros sobem, os financiamentos, empréstimos e pagamentos com cartão se tornam mais caros, o que desencoraja o consumo e, por consequência, estimula a queda na inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa e o BC reduz os juros, isso torna os empréstimos mais baratos e incentiva o consumo.
Como a Selic é definida
O Banco Central avalia as condições da inflação, da atividade econômica, das contas públicas e o cenário externo para definir o que fazer com a Selic, sempre com o objetivo de manter a inflação dentro da meta.
Essa é uma prática comum em governos e autoridades monetárias. O Federal Reserve (Fed) define os juros básicos da economia americana e o Banco Central Europeu faz o mesmo com os juros dos países da zona do euro.
Meta de inflação
O objetivo do Copom é manter a inflação brasileira dentro da chamada meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que determina a meta de três anos à frente, visando uma inflação previsível, estável e baixa, que possa ajudar a economia brasileira a crescer.
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